Arte: Amanda Martínez E.

Ir al artículo en español

Quando demos início ao trabalho da Revista Amazonas, o desejo que nos movia era o de disponibilizar-nos, de compartilhar instrumentos e conexões que chegamos a estabelecer, e que tudo isso estivesse ao serviço de fortalecer lutas territoriais espalhadas e as distintas mulheres que sustentam estes territórios em pé.

Nos animava a possibilidade de que mais mulheres pudessem ouvir a respeito de lutas irmãs, seus desafios e possíveis soluções. Já levamos alguns anos movidas pelos mesmos desejos, mas novas camadas de perguntas se colocaram e seguimos buscando reinventar-nos para que a nossa oferta esteja em alinhamento com aquilo que o mundo pede dela.

Não respeitamos as fronteiras que foram desenhadas para dividir nossos povos ancestrais. Assim como a Floresta Amazônica, conectamos mundos diferentes e nos conectamos também entre mulheres migrantes que compõem um inominável território de diásporas.

Em cada lugar, a Revista Amazonas desenvolveu-se de um certo modo, assentada sobre raízes incrustadas em paisagens diferentes e contextos diversos.

Na Argentina, pudemos chegar às estudantes, pesquisadoras e uma egrégoras de ativistas feministas que buscam ampliar cada vez mais as discussões, visibilizar polêmicas, alargar a palavra feminismo. As asas puderam se estender e alcançar, no cárcere, as mulheres privadas de liberdade na Penitenciária Federal de Ezeiza[1]. A voz chegou ao rádio, em parceria entre MUJERES MAIZ e La Tribu FM.[2]

Acompanhamos os levantamentos na Bolívia, com muita angústia e contradições, acompanhamos com o coração o levantamento no Equador e nossas mãos chegaram a irmanar-se com as mulheres trabalhadoras domésticas de Guayaquil, com as irmãs indígenas da CONAIE[3], com comunidades afro-equatorianas.

Na Colômbia, estivemos juntas a nossas companheiras nas ruas e também sofrendo a repressão que desaba há tantos anos sobre as periferias de cidades como Medelin ou Bogotá, onde estão nossas irmãs de La Sureña[4].

Na Nicarágua, mais além da região do Pacífico identificada na imagem de Manágua, nos conectamos com mulheres indígenas de povos como os Rama, com comunidades creolles afro-caribenhas e fortalecemos o quanto pudemos as lutas em defesa de territórios e governos comunais na Costa Caribe.

No Brasil, entramadas em favelas e territórios periféricos, estivemos na construção de auto-organização popular de mulheres em comunidades faveladas, caminhando junto à construção da Escola Feminista Abya Yala[5] em São Paulo, junto com os trabalhos do coletivo Reveler.si, de fotógrafas da favela do Coque, em Recife. Estivemos em comunhão com nossas irmãs mineiras do Okayufu e da Kalungar[6].

Foi pelas veias abertas das periferias empobrecidas de São Paulo que nos agregamos aos comunicadores populares para arrancar, em meio às demandas, tempo de refletir sobre a importância da comunicação, seus caminhos, descaminhos e instrumentos possíveis. O Quebrada Comunica é uma iniciativa que nasce nas periferias de São Paulo que vem nos alimentando nesses duros meses de pandemia, caos, descaso, fome e mais violência contra as mulheres.

__________________

Meses atrás, de um de nossos processos de formação e debate coletivo, surgiu o texto Apartheid digital e ativismos híbridos: Desafios da militância em tempos de distanciamento físico[7], que expressa preocupações e caraminholas que rondam nossas cabeças.

Nossa preocupação de que pudéssemos compartilhar ainda mais e estabelecer pontes sólidas e invisíveis de afeto e apoio mútuo funcionou como imperativo de nossas ações.

Foi dessa maneira que nos pusemos ruminar possibilidades de apoio à comunicação comunitária na Costa Caribe da Nicarágua, onde a censura tem impedido figuras como nossa irmã Dolene Miller de seguir com as transmissões de rádio. Foi dessa maneira que nos pusemos a pensar em como fortalecer as ações do Centro de Defesa Ferreira de Sousa[8], em Teresina, que luta pelo direito de milhares de pessoas a continuar vivendo em seus territórios tradicionais, ameaçados por projetos turísticos financiados pelo Banco Mundial e pelo BIRD.

As mulheres de APIAN – Alianza de Pueblos Indígenas y Afrodescendientes de Nicaragua[9] conheceram as mulheres do Centro de Defesa Ferreira de Sousa e, mesmo distanciadas por quilômetro, elas se reconheceram nas lutas e cansaço umas das outras. Fizeram vídeos, trocaram relatos e experiências, como se pode ver na campanha que publicamos recentemente[10].

Desta experiência e das reflexões que o Quebrada Comunica nos permitiu acessar, nós criamos uma Rede de Mulheres em Aliança, com companheiras do Brasil, da Nicarágua e também de Honduras – onde a comunidade Garifuna de povos afrodescendentes tem sua narrativa sobre a vida silenciada nos meios de comunicação, como já se pode imaginar.

Com reuniões que desejamos que aconteçam mensalmente, nós queremos que esta Rede possa ser uma ponte entre lutas e mulheres mas também um espaço de apoio e suporte, onde divulguemos as produções locais de conteúdo, onde as soluções de comunicação comunitária possam estar compartilhadas ao serviço da organização popular das mulheres, onde as notícias de um mundo convulsionado possam chegar à partir dos olhos de mulheres irmãs e não dos grandes meios de comunicação que sempre nos silenciaram, criminalizaram ou domesticaram.

Os processos de comunicação popular podem estabelecer ligações entre lutas locais de países diferentes, auxiliar na comunicação entre eles e incorporar o modo como as pessoas reagem frente à informação de outros locais com que compartilham luta e dores.

Refletimos sobre como as ferramentas de comunicação podem servir a organização popular, sobre a comunicação como um dos desafios centrais para a reinvenção de um tipo de militância que realmente tenha a capacidade de mudar o mundo, que realmente tenha a possibilidade de nascer de baixo.

Comunicar-se não se resume a informar ou distribuir informações. Comunicar-se diz respeito a alterar e ser alterado na interação que gera conteúdos, visibilizando toda a realidade silenciada de comunidades e, ao mesmo tempo, criando novas territorialidades onde nos constituímos por tudo aquilo que nos toca, que nos chega, como abraço, panfleto, mesagem de whatszapp, etc.

Em muitos lugares os serviços de internet disponíveis são muito precários ou caros demais, os meios mais populares de difusão são também os mais disputados pelo capital. Não somos ainda capazes de fazer frente a tudo isso de uma só vez, mas já conseguimos nos escutar umas às outras, nossos povos e comunidades já se fazem ouvir através de nossas gargantas e se continuamos sofrendo violações invisibilizadas, ao menos sabemos que outras mulheres que sofrem nos enxergam, nos abraçam e comungam conosco de uma aliança em defesa da vida, toda ela, humana e não humana, exatamente agora, quando toda a vida está ameaçada.


[1] https://www.revistaamazonas.com/2019/07/07/2437/

[2] https://www.revistaamazonas.com/2019/07/24/cifras-alarmantes-o-la-chacarera-del-expediente/

[3] https://www.revistaamazonas.com/2019/11/25/es-una-lucha-por-la-vida-en-todas-sus-dimensiones-por-tener-una-vida-digna-entrevista-a-katy-machoa-tras-el-fin-del-paro-en-ecuador/

[4] https://www.facebook.com/Movimiento-Popular-de-Mujeres-La-Sure%C3%B1a-167631499953957/

[5] https://www.facebook.com/escolaabyayala/

[6] https://www.facebook.com/kalungarjuntas/

[7] https://www.revistaamazonas.com/2020/11/01/apartheid-digital-e-ativismos-hibridos-desafios-da-militancia-em-tempos-de-distanciamento-fisico/

[8] https://www.facebook.com/ComiteLagoasDoNorte/posts/1508107769346791/

[9] https://www.facebook.com/APIANNicaragua/?ref=page_internal

[10] https://www.revistaamazonas.com/2021/03/02/apian-y-boa-esperanca-una-alianza-entre-pueblos-del-abya-yala/

.
Arte: Amanda Martínez E.

Una alianza transnacional de mujeres y comunicación popular

Por Helena Silvestre

Cuando iniciamos el trabajo de Revista Amazonas, el deseo que nos movió fue ponernos a disposición, compartir instrumentos y conexiones que vinimos a establecer, y que todo esto estaba al servicio de fortalecer las luchas territoriales dispersas y las diferentes mujeres que sostienen a estos territorios en pie.

Nos animó la posibilidad de que más mujeres pudieran escuchar sobre las luchas de las hermanas, sus desafíos y posibles soluciones. Han pasado unos años y seguimos alimentadas por los mismos deseos, pero han surgido nuevos estratos de interrogantes y seguimos intentando reinventarnos para que nuestra oferta esté alineada con lo que el mundo nos pide.

No respetamos las fronteras que fueron diseñadas para dividir a nuestros pueblos ancestrales. Al igual que la Selva Amazónica, conectamos mundos diferentes y también nos conectamos entre mujeres migrantes que conforman un territorio innombrable de diásporas.

En cada lugar, Revista Amazonas se desarrolló de cierta manera, a partir de raíces incrustadas en diferentes paisajes y diferentes contextos.

En Argentina logramos llegar a estudiantes, investigadoras y una egregora de activistas feministas que buscan ampliar cada vez más las discusiones, visibilizar controversias, ampliar la palabra feminismo. Las alas pudieron extenderse y llegar, en prisión, a mujeres privadas de libertad en la Penitenciaría Federal de Ezeiza (1). La voz llegó a la radio, en alianza entre MUJERES MAIZ y La Tribu FM (2).

Acompañamos los levantamientos en Bolivia, con mucha angustia y contradicciones, acompañamos el levantamiento en Ecuador con el corazón y nuestras manos se juntaron con las trabajadoras del hogar de Guayaquil, con las hermanas indígenas de la CONAIE (3), con las comunidades afroecuatorianas.

En Colombia estuvimos junto a nuestras compañeras en la calle y sufrimos también la represión que se derrumbó durante tantos años en las periferias de ciudades como Medelin o Bogotá, donde se encuentran nuestras hermanas de La Sureña (4).

En Nicaragua, más allá de la región del Pacífico identificada en la imagen de Managua, nos conectamos con mujeres indígenas de pueblos como los Rama, con comunidades Afrocaribeñas Creoll y fortalecemos en la medida de lo posible las luchas en defensa de territorios y gobiernos comunales en la Caribe. Costa.

En Brasil, insertadas en favelas y territorios periféricos, estuvimos en la construcción de la autoorganización popular de las mujeres faveladas, caminando junto a la construcción de la Escuela Feminista Abya Yala (5) en São Paulo, junto con las compañeras del colectivo Reveler.si , de fotógrafas de la favela do Coque, en Recife. Estuvimos en comunión con nuestras hermanas mineras de Okayufu y Kalungar (6).

Fue por las venas abiertas de las periferias empobrecidas de São Paulo que nos unimos a los comunicadores populares para conseguir, en medio de las demandas, tiempo para reflexionar sobre la importancia de la comunicación, sus caminos y posibles instrumentos. Quebrada Comunica es una iniciativa nacida en las periferias de São Paulo que nos ha estado alimentando en estos duros meses de pandemia, caos, abandono, hambre y más violencia contra las mujeres.

________

Meses atrás, de uno de nuestros procesos de formación y debate colectivo, surgió el texto Apartheid digital y activismos híbridos: Desafíos de la militancia en tiempos de distancia física (7), que expresa preocupaciones y ideas que merodean por nuestras cabezas.

Nuestra preocupación por compartir aún más y establecer puentes sólidos e invisibles de afecto y apoyo mutuo funcionó como un imperativo de nuestras acciones.

Fue así como comenzamos a reflexionar sobre las posibilidades de apoyo a la comunicación comunitaria en la Costa Caribe de Nicaragua, donde la censura ha impedido que figuras como nuestra hermana Dolene Miller continúen con las transmisiones de radio. Fue así como empezamos a pensar en cómo fortalecer las acciones del Centro de Defensa Ferreira de Sousa (8), en Teresina, que lucha por el derecho de miles de personas a seguir viviendo en sus territorios tradicionales, amenazados por proyectos turísticos financiados por el Banco Mundial y el BIRD.

Las mujeres de APIAN (9) – Alianza de Pueblos Indígenas y Afrodescendientes de Nicaragua conocieron a las mujeres del Centro de Defensa Ferreira de Sousa y, aunque distantes kilómetros, se reconocieron en sus luchas y cansancio. Hicieron videos, intercambiaron informes y experiencias, como se puede ver en la campaña que publicamos recientemente (10).

A partir de esta experiencia y de las reflexiones a las que Quebrada Comunica nos permitió acceder, creamos una Red de Mujeres en Alianza, con integrantes de Brasil, Nicaragua y también de Honduras – donde la comunidad garífuna de pueblos afrodescendientes tiene su narrativa de vida silenciada en los medios de comunicación, como ya podemos imaginar.

Con encuentros que deseamos que sean mensuales, queremos que esta Red sea un puente entre luchas y mujeres pero también un espacio de apoyo, donde difundimos producciones de contenido local, donde se puedan compartir soluciones de comunicación comunitaria al servicio de las mujeres populares. organización, donde la noticia de un mundo convulso puede venir de los ojos de las hermanas mujeres y no de los grandes medios de comunicación que siempre nos han silenciado, criminalizado o domesticado.

Los procesos de comunicación popular pueden establecer vínculos entre las luchas locales en diferentes países, ayudar en la comunicación entre ellos e incorporar la forma en que las personas reaccionan a la información de otros lugares con los que comparten luchas y dolores.

Reflexionamos sobre cómo las herramientas de comunicación pueden servir a la organización popular, sobre la comunicación como uno de los retos centrales para la reinvención de un tipo de activismo que realmente tiene la capacidad de cambiar el mundo, que realmente tiene la posibilidad de nacer desde abajo.

Comunicar no se trata solo de informar o distribuir información. Comunicar es cambiar y ser alterado en la interacción que genera contenidos, visibilizando toda la realidad silenciada de las comunidades y, al mismo tiempo, creando nuevas territorialidades donde estamos constituidos por todo lo que nos toca, que nos llega, como un abrazo, folleto, mensaje de whatszapp, etc.

En muchos lugares los servicios de Internet disponibles son demasiado precarios o demasiado caros, los medios de difusión más populares son también los más buscados por el capital. Todavía no somos capaces de afrontar todo esto de una vez, pero ya nos hemos escuchado, nuestros pueblos y comunidades ya se están escuchando a través de nuestras gargantas y si seguimos sufriendo violaciones invisibles, al menos sabemos que otras mujeres que las sufrieron vernos, abrazarnos y estar en comunión con nosotros en una alianza en defensa de la vida, toda, humana y no humana, ahora mismo, cuando toda la vida está amenazada.

[1] https://www.revistaamazonas.com/2019/07/07/2437/

[2] https://www.revistaamazonas.com/2019/07/24/cifras-alarmantes-o-la-chacarera-del-expediente/

[3] https://www.revistaamazonas.com/2019/11/25/es-una-lucha-por-la-vida-en-todas-sus-dimensiones-por-tener-una-vida-digna-entrevista-a-katy-machoa-tras-el-fin-del-paro-en-ecuador/

[4] https://www.facebook.com/Movimiento-Popular-de-Mujeres-La-Sure%C3%B1a-167631499953957/

[5] https://www.facebook.com/escolaabyayala/

[6] https://www.facebook.com/kalungarjuntas/

[7] https://www.revistaamazonas.com/2020/11/01/apartheid-digital-e-ativismos-hibridos-desafios-da-militancia-em-tempos-de-distanciamento-fisico/

[8] https://www.facebook.com/ComiteLagoasDoNorte/posts/1508107769346791/

[9] https://www.facebook.com/APIANNicaragua/?ref=page_internal

[10] https://www.revistaamazonas.com/2021/03/02/apian-y-boa-esperanca-una-alianza-entre-pueblos-del-abya-yala/

Deja una respuesta

Tu dirección de correo electrónico no será publicada. Los campos obligatorios están marcados con *

Este sitio usa Akismet para reducir el spam. Aprende cómo se procesan los datos de tus comentarios.